quarta-feira, 23 de abril de 2014

Gilka Machado
























Bailado das ondas

Vede-as, ei-las que vêm - eternas bailarinas
para a festa noturna e fádica do luar,
segue-as o coro alegre e álacre das ondinas:
vede-as, ei-las que vêm, todas juntas, bailar.

Seios nus, braços nus que flavas serpentinas
cingem, abstratas mãos de brancura polar,
surgem, despetalando orquídeas argentinas
sobre a pelúcia azul do tapete do mar.

De quando em vez, na praia, uma a sorrir se apruma,
desliza, rodopia e alva como de espuma
desnastra, erguendo o corpo em bamboleios no ar.

E a lua, entre coxins, muito pálida e loura,
em serena mudez de nobre espectadora,
pelas ondas alonga o indiferente olhar.



Mais poesia

sábado, 5 de abril de 2014

Konstantínos Kaváfis

Volta


Volta outras vezes e domina-me,
frêmito amado, volta outras vezes e domina-me -
quando a memória do corpo despertar,
quando ao sangue retornar o desejo de outrora
e os lábios e a pele lembrarem e as mãos
sentirem-se como que tocadas de novo.

Volta outras vezes e domina-me, quando a noite
fizer com que os lábios e a pele se lembrem.

[1912]

Tradução de José Paulo Paes






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