quinta-feira, 8 de março de 2012

Emílio de Menezes

Noturno
(Sugestões de um poeta, faminto)

Tudo cor de azeitona. Fim do mês.
Noite opípara: a lua, qual pedaço
De manjar branco, gira pelo espaço.
Ergue-se o monte como um bolo inglês.

Vejo a calda do oceano e a languidez
Da geleia d'arbustos que, em melaço
De orvalho, treme à aragem. Há um bagaço
De nuvens no ar. O mar, de vez em vez,

Lança n'areia espumas de cerveja...
Vejo um sorvete e até de abacaxi
Sob a forma de torre de uma igreja!

Pelo espinheiro além, quanto palito!
E as estrelas, no céu, longe daqui,
São biscoitos jogados no infinito!


O acadêmico

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