terça-feira, 10 de abril de 2012

Luís de Góngora

LXXXVI (1609)

Foi no cristal dessa divina mão
    Que hauri de amor dulcíssimo veneno,
    Néctar que me arde o seio e de que peno,
    E pensei temperar com a ausência em vão.
Tal, Cláudia bela, é de Cupido o arpão
    De ouro puro esse teu olhar sereno:
    Quanto mais dele ausente, mais me apeno,
    Com seus golpe o peito menos são.
Com cadeias no pé, choro ao ruído
     De um elo e de outro elo o meu desterro,
     Mais apartado e mais, porém, perdido.
Quando virá o dia em que por erro,
     Ó serafim, desates, bem nascido,
     Com dedos de cristal os nós de ferro?

(Trad. Péricles E. da S. Ramos)

***

En el cristal de tu divina mano 
de Amor bebí el dulcísimo veneno, 
néctar ardiente que me abrasa el seno, 
y templar con la ausencia pensé en vano;

tal, Claudia bella, del rapaz tirano
es arpón de oro tu mirar sereno, 
que cuanto más ausente del, más peno 
de sus golpes el pecho menos sano. 

 Tus cadenas al pie, lloro al ruido 
de un eslabón y otro mi destierro,
 más desviado, pero más perdido. 

 ¿Cuándo será aquel día que por yerro,
oh serafín, desates, bien nacido, 
con manos de cristal nudos de hierro?

Mais 

Gongorismo 





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