domingo, 22 de julho de 2012

Olegário Mariano

O boi

                                     (Carducci)


Amo-te, ó pio boi! Um sentimento
De vigor e de paz tu me ofereces
Quando, impassível como um monumento,
O olhar nos campos verdes adormeces.

Preso à canga, momento por momento,
Mais útil e paciente me pareces:
O homem te ordena e tu no macilento
Volver dos olhos tristes, lhe obedeces.

Pela tua narina escra e fria
Teu espírito passa e é um hino ardente
Teu mugido cortado de agonia.

E em teu olhar que pelo azul se perde,
Se esconde longa e dolorosamente
Verde a planura do silêncio verde.




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