quarta-feira, 13 de março de 2013

Virgílio

Trecho da II Bucólica










Córidon, o pastor, ardia pelo belo Aléxis,
delícias de seu dono, mas não tinha o que esperar.
Apenas frenquentava as faias densas, de sombrias
copas, junto das quais lançava aos montes e florestas,
com vã paixão, sozinho, estes lamentos mal cuidados:

“Não prestas atenção, cruel Aléxis, nos meus cantos?
Não tens pena de nós? Assim acabarei morrendo.
Agora até os rebanhos buscam o frescor e as sombras;
agora escondem-se nas sarças os lagartos verdes,
e, para os ceifadores que o calor esfalfa, Téstilis
ervas de cheiro ativo esmaga com serpilho e alho.
Contudo, enquanto os rastros eu te sigo ao sol ardente,
soam comigo os arvoredos, roucos de cigarras.
Não seria melhor sofrer as iras aflitivas
e os soberbos desprezos de Amarílis? ou Menalcas,
moreno embora seja ele, quando tu és alvo?
Não te fies demais nas cores, ó menino belo:
caem as brancas alfenas, colhem-se os murtinhos negros.
Tu me desprezas, nem indagas quem sou eu, Aléxis,
quantos rebanhos tenho, quanto leite cor de neve;
erram nos montes da Sicília as minhas mil cordeiras;
não me falta no estio leite fresco, nem no inverno;
eu canto o que cantava habitualmente Anfião de Dirce
no ático Aracinto, se chamava os seus rebanhos.
E não sou feio assim: vi-me na praia, há pouco tempo,
com o mar tranquilo sob o vento: não receio Dáfnis,
sendo tu mesmo o juiz, se não enganam as imagens.



(Trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos)


Outra tradução

Tradução de Odorico Mendes

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